O livro se divide em 6 capítulos com uma rica introdução, posfácio e glossário. É completamente atual e referência para diversos segmentos do mercado e da pesquisa acadêmica. O autor estabelece relações entre conceitos contemporâneos com produtos culturais de mercado super conhecidos, como a franquia Matrix, Harry Potter, realitys shows Survivor e American Idol, além de falar do Photoshop e youtube, entre outros exemplos em textos extras.
O livro fala sobre o estado atual das mídias no mundo hoje. Mudanças ocorreram e continuam ocorrendo constantemente. É preciso compreender uma nova língua sobre este assunto. O autor tem o objetivo de “ajudar pessoas comuns a entender como a convergência vem impactando as mídias que elas consomem, e ao mesmo tempo, ajudar líderes da indústria e legisladores a entender a perspectiva do consumidor a respeito dessas transformações.” Ele pretende “descrever algumas das formas pelas quais o pensamento convergente está remodelando a cultura popular americana, e em particular, como está impactando a relação entre públicos, produtores e conteúdos de mídia” (p.39) “As velhas mídias não morreram. Nossa relação com elas é que morreu. Estamos numa época de grandes transformações, e todos nós temos três opções: temê-las, ignorá-las ou aceitá-las.”
“A tarefa não é tanto ver o que ninguém viu ainda, mas pensar o que ninguém pensou sobre o algo que todos veem!” (Arthur Schopenhauer – p. 16)
“Os produtores de mídias só encontrarão a solução de seus problemas atuais readequando o relacionamento com seus consumidores. O público, que ganhou poder com as novas tecnologias e vem ocupando um espaço na intersecção entre velhos e os novos meios de comunicação, está exigindo o direito de participar intimamente da cultura!” (espectador-produtor; leitor-autor; passivo-ativo – p.53)
Ele traz 3 conceitos-chaves:
Convergência dos meios de comunicação - “Fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídias, à cooperação dos públicos pelos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca de experiências de entretenimento que desejam”. Envolve “transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais.”
Cultura participativa - Participantes interagindo num novo conjunto de regras. Alguns consumidores tem mais habilidade em participar que outros. (cabe aqui ampliar esse número? Aumentar o número de espectadores com habilidades?!) “O consumo tornou-se um processo coletivo.”
Inteligência coletiva - “Nenhum de nós pode saber tudo, cada um de nós sabe alguma coisa; e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos nossas habilidades!” (inspirado em Pierre Levy – H.J. – p. 30)
“Artistas criativos encontrando novas formas de contar histórias e educadores conhecendo comunidades informais de aprendizagem!” (p.39)
Capítulo 1 – "Survivor" – fenômeno dos realitys shows -
Inteligência coletiva na prática (p.48)
Spoilers – grupo de fãs, consumidores ativos que reúnem seus conhecimentos para tentar desvendar os mistérios e segredos do programa antes de ir ao ar; reúnem e processam informações e por isso são consideradas comunidades do conhecimento (conceito de Pierre Levy)
Comunidades do conhecimento – formam-se em torno de interesses intelectuais mútuos; seus membros trabalham juntos para forjar novos conhecimentos. (porque forjar?!) Estimulam o membro individual a buscar novas informações para o bem comum.
Capítulo 2 – "American Idol" e economia afetiva
Economia afetiva (interessante para estudos de recepção): representa uma “tentativa de atualizar-se com os estudos culturais feitos nas últimas décadas sobre comunidades de fãs e o envolvimento dos espectadores.” (p.96) “O trabalho dos estudos culturais procurava entender o consumo de mídia do ponto de vista do fã, articulando desejos, fantasias. O novo discurso de marketing procura moldar os desejos dos consumidores para direcionar as decisões de compra.” Refere-se a uma nova teoria de markenting. Implicações positivas e negativas. Anunciantes exploram a inteligência coletiva, mas as direciona para seus próprios fins. Consumidores são ativos e influentes, formam sua estrutura coletiva de barganha e desafiam decisões corporativas. (p.99)
Capítulo 3 – "Matrix" como narrativa transmídia
“Arte da criação de um universo!” (p.49) e universos que podem ser explorados pelos consumidores! (p.161)
“Nunca uma franquia exigiu tanto dos consumidores” e se antes gerações se debatiam para entender algum filme de arte europeu, um filme independente, Cult ou experimental, agora experimentam essa sensação numa franquia que reúne 3 filmes (início em 1999), 2 games e 1 projeto com curtas de animação para contar uma história complexa, cheia de metáforas, alusões e mitologias. São intermináveis as referências do filme e por isso, é tão difícil decifrá-lo por completo! Cada pessoa avalia a partir de seu repertório e sendo o do filme, vasto, fica difícil haver consenso.
Narrativa transmídia – Cada meio faz o que faz de melhor ao introduzir história em filmes, HQs, romances, games, parques, etc.
“Não temos ainda critérios estéticos bons para avaliar obras que se desenvolvem através de múltiplas mídias!” Houve poucas manifestações para os produtores de mídia “agirem com certeza sobre quais seriam os melhores usos desse novo modo de narrativa, ou para críticos e consumidores saberem como falar, sobre o que funciona ou não nessas franquias”. (p.139)
Capítulo 4 – "Star Wars" e cultura participativa
Fãs que prolongam sua experiência através de fóruns, vídeos amadores, etc.
Discute a indústria que luta pela propriedade intelectual, mas tende a se abrir com restrições. Permite participação dentro de regras rígidas.
Para educadores e pesquisadores da área, este é o capítulo mais importante e essencial!!
Meu resumo é bem maior, mas coloquei aqui algumas passagens principais:
“Consumidores estão aplicando habilidades aprendidas como fãs e gamers no trabalho, escola e na política” (p.51)
“De que habilidades as crianças precisam para se tornar participantes plenos da cultura da convergência? A capacidade de unir seu conhecimento ao de outros numa empreitada coletiva (spoiler), compartilhar e comparar sistemas de valores por meio da avaliação de dramas éticos (fofoca, reality show), capacidade de formar conexões entre pedaços espalhados de informação (Matrix), expressar suas interpretações e sentimentos em relação a ficções populares por meio de sua própria cultura tradicional (Guerra nas estrelas) e a capacidade de circular suas criações através da internet, para que possam compartilhar com outros (cinema de fã) e por fim, a brincadeira de interpretar papéis (Harry Potter) como meio de explorar um mundo ficcional e como meio de desenvolver uma compreensão mais rica de si mesmo e da cultura à sua volta.” (p.248‐249) Esse é um domínio intelectual que só seria possível através de uma participação ativa.
“Não está claro se os sucessos dos espaços de afinidades podem ser copiados pela simples incorporação de atividades semelhantes na sala de aula. As escolas impõem uma hierarquia fixa de liderança (professor‐aluno) e possuem menos flexibilidade para apoiar escritores em estágios diferentes de escrita (e de aprendizado em geral).” Eles possuem mais liberdade sozinhos, quando não há os limites impostos pelas escolas. Os adolescentes até podem receber críticas severas na web, mas por decisão própria e enfrentando as conseqüências. (p.258)
“As crianças estão lendo livros e descobrindo que há mais coisas além da escola. Sua imaginação.” (p.271)
“Restringir a liberdade pode incitar a curiosidade e a rebeldia, levando aquele que se pretende proteger a tentar ultrapassar a barreira protetora, para ver o que está se perdendo. Mesmo se fosse possível manter as crianças longe de qualquer influência, isso as impediria de enfrentar situações que poderiam desenvolver maturidade para evitar perigos sozinhas.” (p.276)
“Ao tratarmos de pedagogia midiática, não podemos mais imaginá‐las como um processo em que adultos ensinam e crianças aprendem. Devemos interpretá‐la como um espaço cada vez mais amplo, onde as crianças ensinam umas às outras e onde, se abrissem os olhos, os adultos poderiam aprender muito.” (p.284)
“De que habilidades as crianças precisam para se tornar participantes plenos da cultura da convergência? A capacidade de unir seu conhecimento ao de outros numa empreitada coletiva (spoiler), compartilhar e comparar sistemas de valores por meio da avaliação de dramas éticos (fofoca, reality show), capacidade de formar conexões entre pedaços espalhados de informação (Matrix), expressar suas interpretações e sentimentos em relação a ficções populares por meio de sua própria cultura tradicional (Guerra nas estrelas) e a capacidade de circular suas criações através da internet, para que possam compartilhar com outros (cinema de fã) e por fim, a brincadeira de interpretar papéis (Harry Potter) como meio de explorar um mundo ficcional e como meio de desenvolver uma compreensão mais rica de si mesmo e da cultura à sua volta.” (p.248‐249) Esse é um domínio intelectual que só seria possível através de uma participação ativa.
“Não está claro se os sucessos dos espaços de afinidades podem ser copiados pela simples incorporação de atividades semelhantes na sala de aula. As escolas impõem uma hierarquia fixa de liderança (professor‐aluno) e possuem menos flexibilidade para apoiar escritores em estágios diferentes de escrita (e de aprendizado em geral).” Eles possuem mais liberdade sozinhos, quando não há os limites impostos pelas escolas. Os adolescentes até podem receber críticas severas na web, mas por decisão própria e enfrentando as conseqüências. (p.258)
“As crianças estão lendo livros e descobrindo que há mais coisas além da escola. Sua imaginação.” (p.271)
“Restringir a liberdade pode incitar a curiosidade e a rebeldia, levando aquele que se pretende proteger a tentar ultrapassar a barreira protetora, para ver o que está se perdendo. Mesmo se fosse possível manter as crianças longe de qualquer influência, isso as impediria de enfrentar situações que poderiam desenvolver maturidade para evitar perigos sozinhas.” (p.276)
“Ao tratarmos de pedagogia midiática, não podemos mais imaginá‐las como um processo em que adultos ensinam e crianças aprendem. Devemos interpretá‐la como um espaço cada vez mais amplo, onde as crianças ensinam umas às outras e onde, se abrissem os olhos, os adultos poderiam aprender muito.” (p.284)
Capítulo 6 – Photoshop?! - Cultura popular para cultura pública
Para falar da nova relação entre política e cultura popular, neste capítulo, o autor coloca como as manipulações de imagens e vídeos produzidas por eleitores, influenciaram as eleições de 2004 nos EUA e se tornaram uma tendência no ambiente político. (diversão séria, paródia, semelhança com charge)
“Neste momento, as pessoas estão aprendendo a participar de tais culturas do conhecimento fora de qualquer ambiente educacional.” “Muitas escolas permanecem abertamente hostis a essas experiências e continuam a promover solucionadores de problemas autônomos e aprendizes independentes. Na escola, colaboração não autorizada é cola.” “Precisamos pensar nos objetivos da educação midiática, para que os jovens possam ir a ser produtores e participantes culturais, e não apenas consumidores, críticos ou não. Para isso, educação midiática para adultos, também é necessária!” “Os consumidores terão mais poder na cultura da convergência,mas somente se reconhecerem e utilizarem este poder tanto como consumidores quanto como cidadãos, plenos da participação da nossa cultura.” (p.343)
“A atual transformação das mídias está provocando mudanças no modo como instituições cruciais operam (escolas?). Todos dos dias, vemos sinais de que práticas antigas estão sujeitas à mudança.” “Devemos continuar a fazer perguntas inquisitivas sobre práticas e instituições que as estão substituindo e estar abertos às dimensões éticas pelas quais estamos gerando conhecimento, produzindo culturas e nos envolvendo juntos na política.” (p.369)
Pósfacio: reflexões sobre política na era do youtube
“O surgimento da rede de computadores e as práticas sociais que cresceram ao seu redor expandiram a capacidade do cidadão médio de expressar suas ideias, fazê‐las circular diante de um público maior e compartilhar informações, na esperança de transformar nossa sociedade. Para isso, entretanto, temos de aplicar habilidades que adquirimos através de nossas brincadeiras com a cultura popular e dirigi‐las para os desafios da democracia participativa.” (p.346)
“O Youtube representa o encontro entre uma série de comunidades alternativas diversas, cada uma delas produzindo mídia independente há algum tempo, mas agora reunidas por esse portal compartilhado. Ao fornecer um canal de distribuição de conteúdo de mídia amador e semiprofissional, o Youtube estimula novas atividades de expressão – seja através de eventos como os debates da CNN/YouTube, seja em suas operações cotidianas. Ter um site compartilhado significa que essas produções obtêm uma visibilidade muito maior do que teriam se fossem distribuídas por portais separados e isolados”. Além disso, “funciona como um arquivo de mídia onde curadores amadores esquadrinham o ambiente à procura de conteúdos significativos, trazendo‐os a um público maior (por meios legais e ilegais). Colecionadores estão compartilhando material antigo, fãs estão remixando conteúdos contemporâneos; e todo mundo tem capacidade de congelar um momento do “fluxo” das mídias de massa para tentar concentrar a atenção no que acabou de acontecer. E por fim, o Youtube funciona em relação a uma série de redes sociais, e seu conteúdo se espalha em blogs, mensagens, publicações e afins. Poderia ser descrito como “mídia espalhável”, que significa permitir falar sobre importância de distribuição na criação de valor e reformulação de
sentido dentro da cultura do Youtube”.“Ele é um ambiente de participação que acontece em três níveis diferentes: produção, seleção e distribuição., Foi o primeiro a unir estas três funções numa única plataforma e a direcionar tanta atenção ao papel das pessoas comuns nesta paisagem transformada pela mídia”. (p.348 – 349)
“Não se pode produzir uma cultura nova a partir do nada. Estamos, hoje, como seres culturais, ocupando um conjunto de símbolos comuns e histórias que são fortemente baseadas nos produtos do período industrial. Se formos produzir nossa própria cultura, apresentando‐a de forma legível, e produzi‐la para uma nova plataforma que atenda as nossas necessidades e conversações de hoje, devemos encontrar um modo de recortar, colar e remixar a cultura atual.” (p.356)
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Estes são alguns modestos apontamentos de um livro de mais de 400 páginas, que considerei importantes ressaltar aqui no espaço do blog. O resumo original tem 40 páginas e aqui ele ficou ainda mais reduzido para não ficar cansativo. São vários exemplos e abordagens que já dão uma boa margem do que se trata o livro!!! Leitura obrigatória para pesquisadores do assunto!!
Olá
ResponderExcluirvocê poderia disponibilizar o seu resumo?
Vou prestar uma prova de mestrado e estou enlouquecida lendo mil livros...esse resumo me ajudaria muito
Beijos
anne
Mas este do post não te ajuda?! =)
ResponderExcluirCom certeza ajuda, mas quando mais completo melhor! rs Se não der, tudo bem...
ResponderExcluirresumo muito interessante e pontual. Parabéns.
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