sábado, 30 de outubro de 2010

Nietzsche - um verdadeiro profeta

Diante de 5 textos de Nietzsche, seria um desperdício não tecer comentários ou construir um texto que sintetizasse uma leitura densa, complexa, mas prazerosa.
É uma grande honra finalmente conhecer Nietzsche e também um grande pavor.
Das 6 páginas originais, destaco apenas uma pequena parte, pois a essa altura do mestrado é melhor preservar-se e guardar certos pensamentos para si, pois nunca se sabe o quão selvagem é nossa sociedade.

Trecho do texto:

Em “Assim falava Zaratustra – um livro para todos e para ninguém”, texto difícil e poético, Nietzsche nos fala do Super-Homem e “escreve certo por linhas tortas”, pois parece um Deus ditando uma bíblia e cita Jesus, ídolo e companheiro. Um texto marcado por passagens, aborda assuntos muito bem citados na Bíblia, mas como não a li inteira, associo pelo menos aos 10 mandamentos.

Se Deus for substituído pelo “Eu”, ame-se mais do que a qualquer outro e se ame acima de tudo, pois as "pessoas são prisões" e é necessário libertar-se.

Se invocar o santo nome for valorizar-se ou julgar-se acabado, esqueça, pois a transformação é um processo longo e doloroso, eternamente inacabado e a busca é necessária.

Se guardar os domingos e festas, for preservar-se dos prazeres, e manter-se casto nesta mesma busca pelo espírito-livre, é necessário libertar-se das fraquezas e desejos humanos.

Se honrar pai e mãe for honrar os clássicos, os pioneiros, os criadores, os verdadeiros responsáveis por buscarem as essências humanas, todas já esgotadas, segundo Nietsche, quando o homem ainda era primitivo, é necessário honrá-los todos os dias, respeitando suas vontades e verdades.

Se não matar for evitar causar dano ao corpo e alma, de si e do próximo, é necessário, novamente, preservar-se, amar o corpo e entender que “há mais razão no corpo que em tua melhor sabedoria”.

Se guardar castidade nas palavras e nas obras, nos pensamentos e desejos for justamente comportar-se de forma consciente, voluntário da abstinência de prazeres e talvez, da prática de atos sexuais, é necessário grande esforço e equilíbrio para tal, pois a “cadela sensualidade permanece à espreita e trai o desejo em tudo que fazem. Até nos cimos de sua virtude e nas zonas frígidas do espírito, a besta monstruosa os persegue e os inquieta. A castidade é uma virtude, mas em muitos é quase um vício.”

Se não furtar é não reter injustamente ou danificar os bens do próximo, é necessário compreender que são poucos os que alcançam a capacidade de criar, sem precisar apropriar-se do outro.

E se levantar falso testemunho for discursar sobre verdades absolutas, é necessário compreender que “tudo veio a ser; não existem fatos eternos: assim como não existem verdades absolutas.”

E por último, se cobiçar as coisas alheias for desejar ser outra coisa e não a si mesmo, é necessário entender que as transformações exigem tempo, paciência e espera, e o verdadeiro super-homem planta, para que outras gerações possam colher. (...)

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