sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A aula inaugural - que aula!

Para colocar esta experiência do mestrado e prática de escrever em dia, tenho me esgotado nesta sexta-feira, dia 27 de agosto. Fiz uns 4 posts. Estou começando a cansar.
Mas semana que vem será melhor, pois escreverei no ritmo em que vivencio. (espero eu)
Vai valer a pena. Sei que vai.
Estou até ansiosa por um retorno. Ainda não divulguei meu blog. Não tenho certeza se quero ser lida. (não por conhecidos). Quero e não quero. O medo da rejeição é sempre grande. Exercício diário da psicoterapia. Conflito constante com o perfeccionismo.
Espero que este cansaço não impeça minha inspiração.
A aula inaugural merecia um post especial. Foi marcante.
Pensei se deveria checar as anotações do caderno, mas o cansaço me fez escolher apenas falar daquilo que lembro. E lembro de bastante coisa.
Quando a palestrante Lygia se apresentou, não esperava coisa muito interessante, confesso. Achei que seria alguma palestra cansativa de um assunto que eu começaria a não entender e ficaria entediada. Errado.
Acho ousado dizer, mas talvez tenha sido uma das palestras mais interessantes e produtivas que já assisti. 4horas e meia de troca. De segurança, de identificação. Adorei!
Lá no auditório do CFH estavam professores, alunos de mestrado e doutorado e a palestrante de meia-idade Lygia (não me recordo sobrenome) pesquisadora da área de trabalho e educação.
Ela falou sobre Marx e sobre o homem. Homem, este ser que diferente de todo o resto, tem a capacidade de se produzir em si mesmo. Esgotados todos os novos lugares e materiais, o homem é feito daquilo que existe e com o que existe,tem a capacidade de criar o novo.
Se a natureza tem a pedra, é o homem, o único capaz de dar para a pedra uma nova função. A de uma arma. E se acidentalmente descobre que essa mesma pedra, pode ser maleável quando queimada, dá uma outra forma e outra função.
Aplicado isto a todo resto, o homem tem a capacidade de criar condições para a própria sobrevivência, fazendo da natureza e todos os recursos disponíveis a extensão de si mesmo.
O que seria o carro, a carroça, o cavalo se não extensão da "marcha" do homem?
O pen-drive se não uma extensão da memória?
Tudo tornar-se o mesmo organismo. O homem tem este poder.
Esta construção de Lygia me fez pensar que vivemos então num período de transição. Inevitável.
Fazendo da matéria e do espaço, ferramentas e lugar de sobrevivência, o homem desgastou a si mesmo, colocando-se em risco. Mas se ele é capaz de reinventar-se, tanto a superexploração parecia inevitável, quanto o discurso de sustentabilidade.
Coloquei para Lygia. Trocamos.
Informações ainda mais curiosas e, segundo meu colega socialista e revoltado do lado, marxistas.
Não me importa se é marxista, importa que me identifiquei.
As mudanças no campo do trabalho são sempre a favor do progresso do capitalismo.
Direitos dos trabalhadores e das crianças foram criados para que o trabalho não fosse prejudicado.
E curiosamente ela contou a história do potinho de cerâmica. História que conheceu de algum pesquisador.
"Dizem" que alguma tribo que precisava transportar água, no desafio de preservá-la entre as mãos, começou a forrá-la com barro e folhas. A água vazava menos. Quando essa mistura secava, mantinha-se na forma original. Então os integrantes da tribo começaram a guardar essa mistura que formava uma "concha" (formato da mão) em uma cabana. Um dia essa cabana pegou fogo e tudo que tinha dentro virou cinza, menos a "concha".
Diante de um conhecimento baseado na superstição e imaginação, e não na ciência (lembrei de um trecho do texto de ontem), a tribo fazia misturas, guardava na cabana, tocava fogo e saia correndo. De certo pensando que alguma mágica misteriosa acontecia nesse processo. Ou seja, reproduziam exatamente o que haviam percebido a partir da observação, para então reproduzir da mesma forma.
Lygia comentou então, quantas cabanas tiveram que ser queimadas, até que eles entendessem que não havia necessidade de queimar a cabana, porque a mágica estava apenas na reação do barro com o fogo.
Transporte isso a toda pesquisa e experimentação humana, e teremos as tentativas, acertos e erros da descoberta.
(escrevendo tudo isso agora, me fez entender ainda mais os textos sobre pesquisa qualitativa e quantitativa de ontem. Quem escreve, reflete, quem reflete, repensa.)
Com um pouco do assunto da palestra, a reflexão que tiro de tudo isso, é essa capacidade do homem de produzir a si mesmo, de desgastar e esgotar na experiência de descobrir, de reinventar-se e de extender a todo resto, seu próprio organismo.
Se pensar tudo isso é ser marxista eu não sei. Só sei que antes mesmo da palestra, eu já pensava e falava para meus alunos que o computador era uma inspiração humana a partir do cérebro. Provavelmente depois de associarem a capacidade de processar, memorizar, reunir, coletar informações ao cérebro, foi possível projetar isso para uma máquina, que ainda não tem a capacidade de relacionar como nós fazemos. Ainda. (um dia será possível?)
Se esta última parte é coerente eu não sei, é apenas um devaneio, baseado na simples construção do conhecimento e repertório pessoal, sem base ou fundamentação teórica. Mas é curioso encontrar numa palestra a fundamentação para algo que já pensava.
Talvez seja a prova viva de que o repertório é tão único, que ainda assim possibilita conclusões semelhantes por caminhos diferentes.

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