segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Era uma vez uma banca de qualificação!


Depois de 1 ano e 3 meses, hoje cumpri a penúltima etapa do mestrado, antes da defesa (grande dia) ano que vem: a qualificação do projeto de dissertação

A banca contou com presenças de peso, Dra. Profª Aglair Bernando (Cinema e Jornalismo - UFSC), Dra. Profª Gilka Girardello (PPGE-UFSC) e Dra. Profª Adriana Fresquet (PPGE-UFRJ), via parecer por e-mail, além do querido suplente Dr. Profº Leandro Belinasso (PPGE-UFSC).

Até ontem eu sentia expectativa, ansiedade e curiosidade. O que será que a banca iria achar e avaliar?! Será que eu teria rendido e produzido o suficiente?! Será que não estava 'viajando na maionese'?!

E hoje senti alívio, mais confiança e mais segurança no meu trabalho, ou melhor, 'nosso' trabalho. Tem bastante coisa pra fazer pela frente, mas o que fiz até aqui valeu a pena!! E não, não estou 'viajando na maionese'!! =)

Recebi elogios, mas também ricas sugestões, ressalvas, dicas e questões para pensar e aprofundar. E eu não poderia deixar de dividir o 'mérito' (se é que já existe um, neste momento tão prematuro) com minha orientadora Dra. Profª Mônica Fantin. Seu comprometimento, dedicação, paciência e responsabilidade são inspiradores e exemplos a serem seguidos. Extremamente organizada e exigente, a Mônica me ajudou a ser uma orientanda, aluna e pessoa melhor. Não desistiu de mim, mesmo quando fui a mais teimosa das teimosas, ou imatura em relação ao mestrado. Talvez eu ainda seja teimosa e imatura, mas tenho certeza que melhorei um pouquinho e entendi que essa dissertação que está sendo construída não é só mais minha, mas nossa!! Jamais me senti sozinha nessa penúltima etapa do mestrado e se sinto mais confiança e segurança em mim é porque minha orientadora foi exigente o suficiente para cobrar e apontar o que melhorar, o que aprofundar, o que ler e articular. 

Unido a tudo isso, recebi encaminhamentos na perspectiva dos estudos culturais, além de pensar em alguns desafios que virão pela frente, mas que encaro de uma forma bem positiva e motivadora!!  Enfim, só posso agradecer as ricas contribuições e a sensação de dever cumprido em mais uma etapa do mestrado!!

Estou caminhando para reta final, com um repertório um pouco mais ampliado, com desafios novos pela frente, com contatos super importantes, algumas ideias amadurecidas e com a mesma empolgação de voltar a lecionar, mas me sentindo mais preparada, ainda que  inacabada!! (Sempre estarei! Que bom!!)

Para iluminar outros ansiosos em relação a banca de qualificação, só posso dizer que não existe fórmula secreta, pois cada trabalho, banca e contribuição detém suas particularidades e peculiaridades! Porém se ajudar, apresentei uma versão de 100 páginas, em sua 6ª versão, dividida em 4 capítulos, com 3 em desenvolvimento. A fundamentação teórica recebeu maior atenção e tudo que precisará ser aprofundando, foi indicado em notas de rodapé para antecipar a banca de possíveis observações em relação a estes aspectos. Como a pesquisa parte de uma experiência pessoal, a metodologia ainda está sendo estudada entre uma pesquisa com estudo de caso ou pesquisa auto-etnográfica. Porém, a banca nada comentou sobre isto e fui eu quem perguntei se o que estava colocada era suficiente ou dava conta. 

Uma coisa que acho importante fazer antes do encontro com a banca é se distanciar o máximo possível do texto por um tempo e ler minuciosamente, levantando tudo que parece frágil, questionável, contraditório, etc. Isso ajuda a se antecipar com as possíveis colocações e elaborar questões para fazer, com aval do orientador(a) caso não sejam levantadas e possam vir a ajudar.

E mais importante (grande desafio pra mim, que costuma ficar sempre na defensiva!): não perder tempo se justificando sobre os problemas, mas aproveitá-lo para ouvir tudo que a banca diz e questionar tudo que pode ajudar a conduzir o trabalho para reta final. O que passou, passou e o tempo que sobra deve ser aproveitado para preencher todas as lacunas e fragilidades! 

A parte boa é que agora o estudo é totalmente focado e objetivo, com o compromisso de corresponder com todas, se possível, contribuições da banca.

Dito isto, só posso comemorar, afinal é normal desanimar de vez em quando, passar semanas sem querer ler ou estudar, sentir insegurança e frustração, virar noites 'psicografando' autores e ideias, sentir-se despreparado e inacabado, ter fases onde é necessário se esforçar em lembrar dos motivos de se 'enfiar' numa pós-graduação, mas também de transformar-se a cada leitura e reflexão, de se conhecer melhor, de perceber quem são as pessoas que te apóiam nos momentos mais sensíveis e instáveis, de entender que mais importante que ler e citar diversos autores, é a qualidade da leitura, que se reflete na articulação dos conceitos, das ideias e propostas. Mais vale usar poucos autores, mas muito bem apropriados, problematizados e questionados, que usar vários, nuam espécie de colagem, sem posicionamento ou reflexão. Trabalhos de 'colagens' existem aos montes, mas posicionar-se é o grande desafio. Digo por mim, já que me posicionar diante de tudo me torna uma pessoa mais solitária! 

Debater nas aulas, com amigos, em qualquer lugar é exercitar a capacidade de articulação do conhecimento (exemplo do filme recente "Sem limites"), então se alguém sente dificuldade em escrever e falar, pode ter relação com os eternos silêncios e submissões. Discutir é arriscar, trocar, experimentar, errar, tentar, recusar, aceitar, questionar, problematizar, pensar, articular. E é também expor-se! Calar-se diante do mundo é calar-se diante de tudo que nos integra. Como se calar diante de tantos fatos, acontecimentos, ações, leituras, posicionamentos e pessoas?! Em todas suas singularidades e multiplicidades?! Por isso recomendo...discussões a vontade! Em toda hora e lugar, sem ferir o bom senso, se possível! (meu outro grande desafio!) E é claro, que no meio de tudo isso, observar e ouvir também é necessário, tão importante quanto!

Enfim, fazer mestrado é mais do que continuar estudando e buscando contribuir para pesquisa acadêmica ou para aperfeiçoar a formação. É também descobrir sobre si mesmo, sobre o mundo e suas verdades variáveis! É desaprender a ser convicto, fechado, preconceituoso, e permanecer com a eterna sensação de estar inacabada(o), sempre!! Que bom!

E bom seria se todos escolhessem o caminho difícil, de continuar estudando, inquietando-se, descobrindo-se e questionando esse mundo, tão injusto e desigual, naturalizado como normal e aceitável! Fazer caridade é apenas aceitar o mundo como é, praticando uma ação que visa amenizar a 'culpa' de não estar no final da pirâmide. Para transformar esse mundo, talvez tenha que ser a 'marteladas' (Nietzsche) e é preciso coragem para confrontar tudo e todo mundo, com a esperança de que alguma 'semente' da revolta e transformação germine no mais acomodado dos seres. E martelar traz solidão, mas é preciso ser forte e persistente para ser tão 'solitário'!! Que Deus, enquanto origem do eterno desconhecimento humano, possa me dar força o suficiente para 'martelar' até o fim! =)

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