terça-feira, 31 de agosto de 2010

Escrileitura: talvez sim!

Diante dos dedos incansáveis da minha mente, teclando no meu pensar extremamente agitados, escrevendo reflexões e causando uma inevitável explosão de novas ideias, unidas a sede de escrever sobre tamanha experiência reveledora na conferência, palestra, aula (seja lá o que foi aquilo), estou eu aqui mais uma vez, inaugurando inspirada, a terceira semana na experiência de "mestrar". Dedos estes que teclam na mente, porque teclar é escrever. Quem lê, escreve. E escrever não é só no papel, também escrevemos na leitura como diria nosso mestre Barthes. Ao ler, levantamos a cabeça, os olhos, o pensamento, não porque interrompemos nossa leitura, com distrações (o que também é comum), mas porque ela nos faz escrever no pensamento algo que nos tocou no texto, que nos fez sair pra pensar. Tocar nem sempre é bom, como a música que "toca o coração". Tocar pode pungir. Ferir. Mas ainda assim, fazer-nos refletir. Nossa leitura, é única e individual. Ler é escrever. E escrever é bom! No mestrado é! (em partes).
Terça-feira, 31 de agosto, último dia do mês, suposta aula do Profº Wladimir, estudos sobre Barthes, substituída propositalmente por uma aula-conferência, abertura de consciência, inconsciência, ência, da ousada Sandra (não me recordo sobrenome), em sua proposta de escrileitura.
Mais uma vez me deparei com os fantasmas da graduação. Meus professores Manuel e Felipe, "seguidores" do Barthes, Foucalt, Kant, Nietsche e afins, que tanto me atormentaram, insistindo no não-texto, no falar o que não é falado, no texto que não busca sentido, forma, método, mas que provoca, propõe, ousa, destrói, reconstrói, rói. (as rimas pulsam, inevitável).
Lá estava ela, Sandra, desbocada, atormentando minha mente com suas palavras. Propondo uma nova escrita, a partir da "matéria" que construiu de forma sólida, citando todos os autores anteriormente citados e muito mais.
Leu o que chamou de conferência. Leu por um tempo. Bom tempo. E nesse tempo, escrevi a primeira frase captada: "Como superar o bloqueio da página em branco?". Anotação clichê, segura, porque seria uma ousadia tentar acompanhar suas articulações. Olhei em volta, pareceu-me que só eu boiava em alguns momentos. A construção tão intensa que ela projetava na sua fala afloreada, dificultava minha compreensão. Pensava "Eu entendi o que era pra entender?" Acho que se eu perguntasse em voz alta, ela diria "Não importa. Reconstrua a partir disso!" Feroz e cruel. Chicoteou minha mente. E os dedos começaram a teclar. Borbulhavam questionamentos, ideias, reflexões, conceitos. Todos familiares, mas com um toque de maturidade. Maturidade que talvez só tenha adquirido ao deixar o curso. Deixar porque quando se deixa um curso de graduação, se deixa com a sensação "poxa, agora que estou pronto!". Ao final da experiência, admite-se a inexperiência. Quase como ousar dizer "quanto mais sei, nada sei!"
Quase como começar a entender do não-texto, mais ainda assim agarrar-se ao seguro e confortável. Questionei-a. O dedo físico fazia cócegas, precisava perguntar: "Sandra não achas essa escrita solitária?" Sim, solitária, questionei eu, porque escrevo sem buscar um sentido, escrevo sem me propor a construir, escrevo pra desconstruir, desapegar, desvincular. Escrevo propondo um problema e não uma solução. Escrevo pra provocar, instigar, fugir, falar do que não deveria falar. E o que acontece com aquele que lê, se assim eu for escrever? Pensei eu. Depois de tanta leitura, escrevo criando a minha escrita, propondo a minha leitura, fugindo do conforto e seguro. Desapegando-me dos clichês e jogando-me no caos. Escrevo na incerteza da aprovação, do retorno, da aproximação. Se minha postura for assim tão radical, não afasto aquele que lê? Se ele não deter da mesma condição, não serei eu solitária? Morrerei com minhas palavras. Ainda que ousadas. Morrerei com o meu não-texto. Eu quero morrer? Não mato assim uma oportunidade? Quem há de me responder? Nem Sandra. Nem Felipe. Nem Manuel. Nem Barthes, Kant, Foucalt, Nietsche e afins. Procurarei eu uma resposta. A minha resposta. No meu tempo. Confessei minha resistência. Ou não-resistência. Eu permito, mas não entrego-me tanto. Talvez esteja no caminho. Talvez comece a entender. Entender que os dois são necessários. Um caminho e nenhum. Opostos de naturezas fundamentais. Complementares Até porque, como Sandra diz, para fazer este exercício, para fazer como o ceramista que possui uma matéria para destruir, também precisamos de uma. Então a leitura é fundamental! A construção também é fundamental. A base. Para então, como uma criança que molda um castelo na areia, pisarmos sem dó. Sem choro. Coisa difícil. Desapegar. Justo eu, justo pra mim. Tão apegada a tudo e todos! Não pela matéria, mas pela segurança, conforto, amor, convicção.
Sandra diz ser uma tensão. Com algum fundo de razão, preocupação. Afinal trabalhar com educação, assim como na vida, não conta com manual de instruções. E o "quem" que criou tudo isso, faz piadinha de nós, porque nada é facilitado. Somos manobristas diários, manobrando adversidades, buscando uma prática. Quem ensina, aprende. Quem ensina, tenta, erra, acerta. Quem ensina...desencontra. Encontra. Reencontra. Quem escreve também.
Para Sandra o texto não se encerra, mas perpetua, prolonga, permite.
Dados não devem ser encarados como verdade, porque o "artista" é a antena do seu tempo. S-E-U tempo. Como Piaget e Freire darão conta da infância de hoje, se escreveram sobre a infância do seu tempo? Naquele tempo. Não que não seja válido, mas não é o único caminho, não é uma verdade absoluta. É uma possibilidade. Sandra propõe com isso que se experimente, provoque e desconstrua. Que paremos de repetir. Somente de citar. Que possamos construir a partir da descontrução. Colocar nossa visão. Entregar-nos. Forçar a pensar o que não pensado, difícil exercício de exaustão, cansaço, esgotamento. Sair do próprio umbigo. Criar uma nova sensibilidade e com ela uma nova forma de pensar. Tentar não falar somente do seu tempo, mas de um tempo por vir. Fazer da própria existência, uma obra de arte. Entender que o aprender é desaprender.
Que o artista é criação. Criação que está nas Artes, Ciência, Filosofia. (segundo Sandra, citando Nietsche). Que o verdadeiro artista é transgressor, inventor. Cria problemas, não soluções. E aí reside minha luz. Aquilo que foi despejado em mim e eu rejeitei por tanto. Vomitei. Renunciei. E aqui estou eu, recolhendo esse vômito. (uso de empréstimo o "desboque" de Sandra). Fazendo dele minha nova refeição. Tirando o nojento e o feio, ou colocando-os, tentando enxergar o que não é pra ser enxergado. (você se enojou com estas palavras? Ótimo. Faça isto com a leitura de tudo. Vomite, recolha seu vômito e coma).
Ousadia é dureza, rejeição, desconforto, falta de aceitação. Reside no preconceito dos medíocres. E eu fui muito medíocre.
Não que eu concorde com tudo, que isso facilite pra mim, mas eu gosto. Estou gostando. Começando a gostar.
É difícil. Por isto aqui estou eu. Tentando. Entregando-me às palavras, aos pensamentos frenéticos, dando leveza ao dedos-tecladores e permitindo-me.
Tentando usar as palavras numa tentativa cada vez mais difícil, pois "mestrar" enfraquece o discurso, já que as palavras perdem o sentido, quando se desapega deles. Elas tornam-se lisas, puras e é difícil o exercício de não poluí-las, impregnar verdades, conceitos prévios, pensamentos de pensadores.
Aqui estou eu, tentando brincar com as palavras, minhas palavras. Aqui estou eu, talvez, ousadia da minha parte, propondo a minha escrileitura. Minha escrileitura de Sandra. Desbocada Sandra. Nesta terça-feira, 31 de agosto.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Segunda-feira: tudo de novo!

Não escrevi no final de semana. Não deu vontade. A tosse persiste. (não fui no médico sexta)
E também porque os textos de Teorias da Educação parecem recortes de algo muito mais denso.
Não é uma leitura difícil (os diálogos de Platão em "O banquete"), mas exige extrema concentração.
Nem sempre a cabeça está boa para se concentrar. Estou enrolando. No máximo até hoje!
Dois textos lidos. Faltam mais dois. E tooooodos os outros dessa semana.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sexta-feira nublada

Acordei tossindo. Gripe muito chata. Se é que é gripe. Marquei médico de tarde.
Cancelei um almoço com amigas. Mandei e-mail pra dois colegas perguntando novamente da aula de ontem e me dei conta que não irei pra universidade xerocar os textos da semana que vem.
Droga. Vou ter que ir segunda fazer isso. Ou faço na terça antes da aula com o Profº Waldimir. Não sei. Será que ele vai dar a terceira aula citando todos os livros de novo? Espero que não.
E prometi não procurá-lo no final pra trocar ideias como da última vez em que tomei meia hora do seu tempo. Coitadinho. (falo sinceramente, porque às vezes se não me cortam eu me "passo").
Continuo motivada a escrever.
Hoje comecei a ler os textos da aula de Teorias da Educação. "O banquete de Platão". Só comecei e deixei de um lado um pouco. Não pareceu leitura gostosa no momento. De tarde eu tento de novo.
Pois é...ler no mestrado (ou mesmo na gradução) é um exercício de tentativa. Nem sempre a cabeça está preparada pra se doar aos textos. Às vezes a "cabeça" (ou nós mesmos) estamos em outro lugar. Com outros pensamentos. E quando o texto não consegue provocar concentração é melhor deixar de lado ou acaberemos fingindo uma leitura.
Quem nunca leu um texto e de repente se deu conta que ligou o piloto automático e não estava mais prestando atenção porque estava com o pensamento em outro lugar?
Daí tem que voltar no início e recomeçar a leitura...quando o pensamento foge de novo, melhor parar e tentar em outro momento. Certo?....certo? é não sei...
Dois colegas responderam sobre a aula anterior. acho que não fiquei surpresa.
Na aula eles discutiram sobre a defesa de mestrado (da pesquisadora que instigou os alunos a investigarem os mistérios da Lagoa do Peri); discutiram os textos e fizeram o exercício proposta por Gilka (naquele texto super legal que comentei).
Mais tarde farei em casa. Sozinha. Cronometrando. Aí posto aqui.
Mais tarde falo dos textos de Teorias da Educação.
Ah! Os títulos sem postagens? É pra eu não esquecer das coisas que eu queria falar antes de tornar o blog diário. sim, depois que eu colocar tudo em dia (será possível fazer isso?)
Coisas que aconteceram semana passada e quero falar sobre, mas como todos meus posts são grandes, vou fazendo aos poucos.
Sexta-feira 14:14. Lasanha no forno. Vou tentar almoçar.

Teorias da educação

(e os textos que ainda não li)
É tenho que ler os textos. Tenho enrolado pra começar.
....
Aproveito este post pra falar da segunda semana de aula.
Aulas que praticamente não fui. Uma tosse que me incomoda há mais de duas semanas, pareceu tornar-se uma gripe. Irritante.
Tenho ficado em casa escrevendo, pesquisando, lendo, orkutando.
Tenho visto alguns filmes. Namorado. Fui ao cinema na segunda.
Fui no festival de cinema da escola jardim anchieta. Segunda. Polêmico.
Assunto comentado em essência no meu blog de cinema e educação. (cineducacao)
Fui na aula de Barthes em que ele falou quase a mesma coisa da semana passada. Alguns acréscimos no final. Aquela aula em que tomei meia hora do tempo do professor no final, levantando questionamentos, frustrações e inseguranças.
Na quarta foi a palestra da portuguesa. Na quinta, não fui por estar indisposta. Li os textos. E comecei o blog.
Em geral, tudo que aconteceu comigo nesta semana já está relatado de alguma forma nos outros posts.
Este foi meu primeiro post curto. Que bom! =)

A aula inaugural - que aula!

Para colocar esta experiência do mestrado e prática de escrever em dia, tenho me esgotado nesta sexta-feira, dia 27 de agosto. Fiz uns 4 posts. Estou começando a cansar.
Mas semana que vem será melhor, pois escreverei no ritmo em que vivencio. (espero eu)
Vai valer a pena. Sei que vai.
Estou até ansiosa por um retorno. Ainda não divulguei meu blog. Não tenho certeza se quero ser lida. (não por conhecidos). Quero e não quero. O medo da rejeição é sempre grande. Exercício diário da psicoterapia. Conflito constante com o perfeccionismo.
Espero que este cansaço não impeça minha inspiração.
A aula inaugural merecia um post especial. Foi marcante.
Pensei se deveria checar as anotações do caderno, mas o cansaço me fez escolher apenas falar daquilo que lembro. E lembro de bastante coisa.
Quando a palestrante Lygia se apresentou, não esperava coisa muito interessante, confesso. Achei que seria alguma palestra cansativa de um assunto que eu começaria a não entender e ficaria entediada. Errado.
Acho ousado dizer, mas talvez tenha sido uma das palestras mais interessantes e produtivas que já assisti. 4horas e meia de troca. De segurança, de identificação. Adorei!
Lá no auditório do CFH estavam professores, alunos de mestrado e doutorado e a palestrante de meia-idade Lygia (não me recordo sobrenome) pesquisadora da área de trabalho e educação.
Ela falou sobre Marx e sobre o homem. Homem, este ser que diferente de todo o resto, tem a capacidade de se produzir em si mesmo. Esgotados todos os novos lugares e materiais, o homem é feito daquilo que existe e com o que existe,tem a capacidade de criar o novo.
Se a natureza tem a pedra, é o homem, o único capaz de dar para a pedra uma nova função. A de uma arma. E se acidentalmente descobre que essa mesma pedra, pode ser maleável quando queimada, dá uma outra forma e outra função.
Aplicado isto a todo resto, o homem tem a capacidade de criar condições para a própria sobrevivência, fazendo da natureza e todos os recursos disponíveis a extensão de si mesmo.
O que seria o carro, a carroça, o cavalo se não extensão da "marcha" do homem?
O pen-drive se não uma extensão da memória?
Tudo tornar-se o mesmo organismo. O homem tem este poder.
Esta construção de Lygia me fez pensar que vivemos então num período de transição. Inevitável.
Fazendo da matéria e do espaço, ferramentas e lugar de sobrevivência, o homem desgastou a si mesmo, colocando-se em risco. Mas se ele é capaz de reinventar-se, tanto a superexploração parecia inevitável, quanto o discurso de sustentabilidade.
Coloquei para Lygia. Trocamos.
Informações ainda mais curiosas e, segundo meu colega socialista e revoltado do lado, marxistas.
Não me importa se é marxista, importa que me identifiquei.
As mudanças no campo do trabalho são sempre a favor do progresso do capitalismo.
Direitos dos trabalhadores e das crianças foram criados para que o trabalho não fosse prejudicado.
E curiosamente ela contou a história do potinho de cerâmica. História que conheceu de algum pesquisador.
"Dizem" que alguma tribo que precisava transportar água, no desafio de preservá-la entre as mãos, começou a forrá-la com barro e folhas. A água vazava menos. Quando essa mistura secava, mantinha-se na forma original. Então os integrantes da tribo começaram a guardar essa mistura que formava uma "concha" (formato da mão) em uma cabana. Um dia essa cabana pegou fogo e tudo que tinha dentro virou cinza, menos a "concha".
Diante de um conhecimento baseado na superstição e imaginação, e não na ciência (lembrei de um trecho do texto de ontem), a tribo fazia misturas, guardava na cabana, tocava fogo e saia correndo. De certo pensando que alguma mágica misteriosa acontecia nesse processo. Ou seja, reproduziam exatamente o que haviam percebido a partir da observação, para então reproduzir da mesma forma.
Lygia comentou então, quantas cabanas tiveram que ser queimadas, até que eles entendessem que não havia necessidade de queimar a cabana, porque a mágica estava apenas na reação do barro com o fogo.
Transporte isso a toda pesquisa e experimentação humana, e teremos as tentativas, acertos e erros da descoberta.
(escrevendo tudo isso agora, me fez entender ainda mais os textos sobre pesquisa qualitativa e quantitativa de ontem. Quem escreve, reflete, quem reflete, repensa.)
Com um pouco do assunto da palestra, a reflexão que tiro de tudo isso, é essa capacidade do homem de produzir a si mesmo, de desgastar e esgotar na experiência de descobrir, de reinventar-se e de extender a todo resto, seu próprio organismo.
Se pensar tudo isso é ser marxista eu não sei. Só sei que antes mesmo da palestra, eu já pensava e falava para meus alunos que o computador era uma inspiração humana a partir do cérebro. Provavelmente depois de associarem a capacidade de processar, memorizar, reunir, coletar informações ao cérebro, foi possível projetar isso para uma máquina, que ainda não tem a capacidade de relacionar como nós fazemos. Ainda. (um dia será possível?)
Se esta última parte é coerente eu não sei, é apenas um devaneio, baseado na simples construção do conhecimento e repertório pessoal, sem base ou fundamentação teórica. Mas é curioso encontrar numa palestra a fundamentação para algo que já pensava.
Talvez seja a prova viva de que o repertório é tão único, que ainda assim possibilita conclusões semelhantes por caminhos diferentes.

Quero falar da palestra

Espiei o relógio. 2:26. Escrevo ou não escrevo? Durmo ou não durmo?
Droga. Eu amo/odeio a madrugada. Melhor horário pra "internetar", escrever, pensar, ver filmes...e justamente o horário que eu deveria dormir. Droga. Mas estou tão motivada que tentarei escrever assim mesmo. Meio cansadinha, mas com insônia típica. (talvez seja o medicamento)
A tosse recuou, mas os olhos estão meio ardidos.
Vou pegar meu caderno e relembrar da palestra ainda fresca que assisti ontem.
(pausa para pegar o caderno) (pausa para lembrar da Gilka no texto do post passado, falando do exercício que ela faz com os alunos de escrever sem parar, sem corrigir ou pensar. Deixar o texto fluir. É isto que estou fazendo, deixando o texto fluir. É gostoso! - pausa para pegar o caderno, agora de verdade).
Abri na página de gastos do mestrado. Isso me fez lembrar do quanto preciso arranjar uma bolsa de trabalho na UFSC, porque sem uma fica difícil se concentrar. Estudar sem bolsa é foda. Gasto com xérox, livro, transporte, alimentação e até eventos. Gasto com o exame de proficiência, taxas, etc e tal. Às vezes me pergunto se só os afortunados fazem mestrado, porque mesmo a bolsa é bem mirradinha, se a pessoa tem família e a renda é comprometida.
Não estou desempregada (mesmo tendo escolhido sair de um emprego bom para fazer o mestrado porque os dois não eram compatíveis), mas as 4 horas/aula na escola são insuficentes para tantos custos. (obviamente também tem remédios, luxinhos, e filmessss hehehe porque uma bacharel em cinema que se prese tem acervo pessoal e freqüenta o cinema sempre que pode).
Voltando ao caderno.
Escrevi "Palestra de Cristina Ponte". E o assunto era (se não me engano) o projeto EUKids (Eu de Europa) com o primeiro slide no telão entitulado "Pesquisando idades e gerações. Representações do uso das mídias". O título era promissor, mas o assunto era mais específico que isso.
Não lembro agora como a palestra estava descrita no e-mail da minha orientadora e professora Mônica, mas sabia que era algo sobre mídia-educação. Curiosamente a palestra era no mesmo horário da minha aula de Teorias da Educação. 9h de quarta-feira. 25 de agosto (chequei agora no calendário).
Sem saber se a turma seria dispensada, enviei um e-mail para a professora Lúcia com essa dúvida e salientando que faltaria a aula para ir a palestra, caso não houvesse dispensa. Não obtive resposta nem dela e nem da Mônica. Fui mesmo assim.
Nessas horas acho o Mestrado confuso. Falta comunicação, troca, diálogo. Mas outro dia entro nesta questão.
Sabia que a palestra seria em algum lugar no NDI na UFSC. NDI é o Núcleo de Desenvolvimento Infantil. Já ouvi falar na Sepex, mas nem imaginava onde ficava, ou pelo menos sabia que era próximo ao CED - Centro de Ciência da Educação.
Localizado a placa, direcionei-me para o NDI e fiquei surpresa ao me deparar com um parquinho infantil e escola. Estudo na UFSC desde 2003, fora as visitinhas anteriores com minha mãe e pela escola e nem imaginava aquele universo colorido por trás dos prédios.
Questionei-me quantos lugares da UFSC são desconhecidos pra mim? Que ilha eu sou!
Chegando lá, 8h30. Encontrei o Gilson, colega da mesma linha de pesquisa ECO e da turma 2010 também. Digo o ano porque depois chegou um colega da turma ECO 2009. (não me recordo o nome agora, só lembro que quando ele falou parecia ter sotaque espanhol, mas era gaúcho. Engano meu e de outras pessoas, segundo ele).
Antes do colega 2009 chegar, conversei com o Gilson sobre muitas coisas. Sobre a indisposição da coordenação da pós em ceder informações, alegando que haveria uma reunião específica pra isso. Falamos sobre os custos sem a bolsa. Ele é do Espírito Santo. E concordamos com as patotas presentes, da qual não fazemos parte e nem imagino o porquê elas já existem.
Falamos dos nossos projetos. Das disciplinas. E quando o colega 2009 chegou, já estava na hora de ir para o auditório.
Espaçoso, bem equipado (com datashow e telão) e com murais coloridos. Olhei rapidamente e pensei "Nossa! Quantos espaços equipados existem na UFSC!". Pensei isso porque só costumava freqüentar os do CCE - Centro de Comunicação e Expressão. Centro onde cursei cinema e parte do curso de Design (quando era apenas gráfico e quando ainda se chamava curso comunicação e expressão visual - CEV).
Enfim..estoum e enrolando...
Segundo meus rascunhos (escrevo bastante quando os comentários me interessam) a palestrante, de origem portuguesa (com português de Portugal mesmo) hehe, falou sobre a pesquisa EUKids, que levantou dados de 2006 a 2009 sobre o uso da internet feito por crianças e adolescentes (coisa assim), a influência da formação e poder aquisitivo dos pais nesse uso. O número crescente de crianças cada vez mais novas fazendo uso da internet e os riscos e oportunidades trazidos por esse uso. Quando realmente existe o risco e se ele é de fato traumático, no caso da pornografia, pedofilia, violência, etc.?
E com todo este assunto, quando tive oportunidade fiz uma colocação para a palestrante.
A partir do comentário dela de que a experiência da internet é um risco, instigou-me a pensar sobre o festival de cinema de uma escola de Fpolis que fui nesta semana e dos vídeos produzidos pelos meus alunos, enquanto reflexo de construção de valores e sujeito. Comentei que as crianças reproduzem aquilo que assistem e pela experiência prática (ainda que pequena) eles têm visto coisas impróprias para a idade, justamente por exigir uma formação crítica que ainda não têm.
Como eles não têm, acabam reproduzindo somente a superfície, como a violência gratuita, conceitos distorcidos, que necessitam de uma mediação que às vezes não ocorre, ou é difícil de ocorrer, pelo desafio da simples condução ou reflexão.
Comentei que hoje parece impossível controlar o conteúdo, mas que talvez, esperando que eles tragam o repertório deles, seja possível identificar o que exatamente precisa ser mediado, para se pensar como pode ser mediado e quando deve ser mediado.
Enfim...coloquei isso de uma forma diferente e ela concordou, acrescentou, outros participantes acrescentaram também. As crianças e adolescentes tem de fato autonomia para criar algo de forma crítica, se ainda não tem essa formação?
Qual o papel da escola, já que os pais acabam não mediando esse conteúdo?
E o professor? O educador?
Obviamente estou acrescentando minhas impressões de antes e de agora ao escrever este texto.
Mas a discussão da palestra acabou tomando esse rumo. Se antes era sobre uma pesquisa, passamos a falar da dificuldade dos pais e professores a saberem fazer uso das mídias na escola. Eu mesma comentei, porque proibir o celular, quando ele pode ser usado como ferramenta de ensino, deixando de ser um mero objeto de status e lazer. Penso assim para o laptop, câmera fotográfica, internet, etc.
A discussão foi produtiva. Parei de escrever no caderno e me concentrei mais nos depoimentos, questionamentos.
Mais uma vez senti segurança. Mais uma vez senti certeza do meu trabalho.
Devo estar no caminho certo. Não estou viajando na maionese.
Mas mais uma vez não consegui falar com minha orientadora, que saiu logo depois da palestra, sem ao menos se dirigir a mim. Até brinquei com meu colega Gilson "acho que os mestrandos recentes são inferiores, os professores só querem saber dos doutorandos".
É frustrante não ter retorno, nem depois de ter contribuído para palestra. Nem um olhar, nada.
nem depois do meu e-mail hoje.
Tento não pensar muito nisso ou enlouqueço. Começo a ter ideias de cinematográficas de rejeição.
Mas depois dessa palestra, dos textos de hoje e de matérias de jornais que leio casualmente, continuo me sentindo segura.
Só comecei a achar que minha proposta de pesquisa está ampla. Mas penso, será que está?
Quero falar da experiência diária de lecionar cinema. Dos desafios, dificuldades, acertos, erros, tentativas. Quero falar das outras experiências com cinema na escola, próximas e distantes, mas que também me fazem questionar se a minha prática não é melhor. Se minha formação me facilita, mas me falta nos assuntos pedagógicos. Assuntos que tenho me deparado e resolvido intuitivamente como brigas, falta de disciplina, desrespeito, notas, avaliações, tarefas, relações com e entre os alunos, inclusão e afins.
E me questiono se domino o sucifiente para ensinar. Talvez para uma escola, mas e na faculdade?
São tantas dúvidas, inseguranças, questionamentos que não parecem ter respostas e talvez nem tenham que ter.
Mas o desejo perfeccionista continua. Sempre.
Talvez a preocupação já seja um grande avanço. E é. Parece ser.
Preocupação em ser boa aluna, boa professora, boa educadora. Questionar meu trabalho e o do outro.
Mas devaneios a parte. Encerrada a palestra, não posso deixar de comentar os papo de quase uma hora que tive com meus colegas Gilson e "2009" (já que não lembro o nome) sobre cinema e o ensino de cinema. Falava, falava, contava, ria, debatia, pouco ouvia, mais me preocupava se estava sendo desagradável, e quase 1h da tarde, nos separamos.
Fui (vim) pra casa fazer almoço e pensar um pouco mais.

A primeira semana de aula

Prometo não fazer deste post, uma escrita muito extensa.
Se ontem decidi começar a escrever sobre a experiência de "mestrar", decidi também comentar sobre a experiência que ocorreu antes mesmo de decidir escrever.
Talvez um dia comente sobre o processo seletivo e a sensação de escuro e insegurança.
O processo que levou três meses e a cada etapa, alegria, alívio e expectativa.
De duas uma, ou eu teria o perfil, ou não teria.
Eu passei, então devo ter né? (ainda não tenho certeza, minha imaginação cinematográfica me assombra de vez em quando com a alternativa de ter ocorrido algum engano mirabolante).
Enfim...um dia falo deste processo (ou não).
Para fazer o mestrado, escolhi pedir demissão do meu trabalho como editora de vídeo numa produtora aqui de Florianópolis. Adorava meu trabalho de editar. Adoro editar. Mas o trabalho era cansativo e frustrante. O desgaste e estresse eram grandes, então eu sabia que não conseguiria conciliar os dois. Saí do emprego. Comecei o mestrado.
Entre um e outro tive uma semana de "férias". Foi uma semana corrida.
Os custos com transporte, alimentação, xérox e livros começaram a me assombrar. Questionei-me se foi correta minha decisão de me demitir. Será que não teria conseguido conciliar? Acho que é só o desespero. Estudar é caro. Uma pena.
Bolsa? Só a partir do segundo ano de mestrado e olhe lá. Não sei se tenho chances. Sou a sexta colocada da minha linha de pesquisa. São 8.
De vez em quando tenho crises de choro. Estou sendo sincera. A vontade de estudar e pesquisar é gigantesca. Tenho cada vez mais vontade de lecionar, de criar projetos, ler novos textos, mas às vezes minha concentração com a falta de grana me desviam do objetivo principal.
É lamentável. Lamentável que a sobrevivência mate a sede de conhecimento. Quantos como eu tiveram que desistir?
Ainda não sou casada. Não tenho filhos. Ninguém depende de mim. Mas não tenho muita garantia em casa. Guardei um dinheiro pra alguns meses que foram consumidos mais rápido do que imaginava.
Comecei a enviar e-mails e entregar currículos na universidade, na esperança de encontrar alguma projeto ou pesquisa que eu me encaixe e possa conciliar o trabalho com os estudos.
Não que eu esteja desempregada. Continuo dando aulas na escola, ponto de partida para minha pesquisa, a prática de ensino, mas 4 horas/aula por semana não rende muita coisa.
De vez em quando (muito de vez em quando) aparecem uns trabalhinhos freelancers de conversao de VHS pra DVD, edição de vídeo. Ainda não tenho procurado, não quero me comprometer sem sentir o ritmo do mestrado.
O desespero foi estacionado por um pensamento positivo. Quando for a hora, vai chegar uma oportunidade. Plantei as sementes. Mandei e-mail pra "Deus e o mundo". Como no ano passado, uma hora vai aparecer. Preciso ter fé, esperança e paciência. Muita tranquilidade também.
Vamos a minha primeira semana de mestrado.
Segunda-feira, 16 de agosto de 2010, não tive aula porque não tenho disciplina nesse dia.
Fui na UFSC entregar uns currículos (no Lantec e Led), fazer cadastro na BU e no RU (em caso de extrema necessidade), peguei um livro, comprei outro. Passiei e senti o ar do conhecimento.
Pensei "como é bom estar de volta". Tantos querendo sair e eu querendo voltar.
6 meses de trabalho me fizeram bem. Me deixaram com mais sede de conhecimento.
Voaram como folhas de papel ao vento. Meio ano se passou, num ritmo alucinado de trabalho e a sensação era de frustração de não poder aproveitar o tempo do jeito que gostaria. Trabalho trabalho trabalho.
Enfim, o mestrado me permitiu aproveitar melhor o tempo.
Nessa primeira semana, marquei almoços com amigos veteranos e calouros (veteranos e calouros na minha vida).
Na segunda, almocei com Bárbara e Diego. Estudantes de jornalismo. Conheci um da TV UFSC e outra da produtora Invento. Almoçamos no restaurante dos servidores. Comidinha boa e barata. Não mais que 5 pilas. Conversa animada. Muitos risinhos. Despedida.
Voltei a respirar o ar da universidade e terminado meu planejamento, retornaria para casa. Mas subiu-me a repentina vontade de ver outra amiga (acho que o desejo de permanecer na UFSC era grande). Nos encontramos e passamos horas conversando sobre tudo.
Decidimos ir no cinema. Vimos "Os mercenários", já que não tinha horário pra "Encontro explosivo". A sugestão de comer um sanduíche foi ótima, ainda que o dela seja vegetariano. Comemos no cinema com uma maionese deliciosa. Sanduicheria da ilha.
Não foi caro, mas o dinheiro, em momentos de lazer, voa das mãos. Decidi que na primeira semana, seria uma comemoração, não me policiei. Deixei rolar.
Fui pra casa contente e ansiosa. No dia seguinte teria minha primeira aula oficial de mestrado.
Na terça, 17 de agosto, aula de edição com os alunos, ritmo alucinante. 4 horas de adrenalina.
Se existe cansaço, ele vem no meio-dia. Mas não veio. A ansiedade era maior.
Cheguei cedo na UFSC. Observei pessoas na cantina do CED. Procurei a sala de aula. 622, 2º andar. Tentei ligar o laptop e entrar na internet. Nada.
Enrolei bastante tempo e notei que numa salinha entravam e saiam pessoas. Perguntei pra uma moça o que estava acontecendo. Reunião discente. resolvi entrar.
Entrei no meio de uma discussão sobre as bolsas, regimento e etc.
Era a única que representava a linha ECO. Duas da tarde, decidi sair para ir a aula. A discussão continuava. Novos encontros sendo marcados, contatos, dúvidas, desabafos. Queria ter ficado, mas minha primeira aula era mais importante.
Na sala 622, muita gente para poucas carteiras, nos deslocamos para a sala de defesa (aquela onde acontecia a reunião discente).
O professor que falaria sobre Barthes usava um bigodinho curioso e apenas falava movendo os lábios. Aquilo me marcou. Ele falou das obras, dos textos, de alguns conceitos, e nos apresentamos. Falamos de nós, de nossas propostas de pesquisa e num momento qualquer fomos interrompidos por um senhor cego que com texto na ponta da língua ensinava brevemente a linguagem Braile e ao final oferecia um objeto para ajudar o grupo. Uma colega comprou. Silêncio. Clima pesado e constrangedor. Eu queria ter comprado. Mas achei caro aquele objeto de EVA que eu mesma poderia fazer. Queria ter ajudado mas só tinha uma nota de 5 reais na carteira, ficaria sem dinheiro. Deixei pra lá.
Achei curioso, naquele clima de descontração e humor sobre Barthes, o clima pesar numa interrupção imprevista. Fiquei um pouco horrorizada. O senhor cego oferecia a oportunidade do conhecimento e todos pareciam incomodados. Justamente, pesquisadores da educação, possíveis formadores de professores. Eu gostei do Braile. Entendi claramente. Depois que o senhor saiu, fiquei rabiscando nome em braile no caderno. Achei graça. A aula continuou.
Fiz alguns comentários. Conversei com três pessoas no intervalo. Momento em que engoli o orgulho e puxei assunto com alguém que parecia tão solitária como eu. Foi bom. O tempo do intervalo voou e não se arrastou como costuma se arrastar quando fico sozinha.
Isso já era comum na graduação.
Será que tenho algum problema?
Na verdade fico com vontade de conversar. Tenho dificuldades de parar. Quero mais. Sede Sede Sede. de conhecimento, de amigos, de vida.
Não me recordo agora exatamente o que fiz depois, mas acho que fui pra casa.
Quarta-feira, 8h. Na verdade 8h15, porque me atrasei. A aula já havia começado. Teorias da Educação e a professora loira intrigante. Tudo era novidade. Salinha apertada 622.
Apenas 1 hora de aula, apresentação da disciplina. Às 9h, teríamos uma aula inaugural.
E que aula! Para esta, reservei um post especial. Foi fantástica!
Não me recordo novamente do depois. Fiquei até 12h30 na palestra. Lembrei. Fui para escola.
Combinei com um aluno às 14h na biblioteca. Faríamos um exercício de edição. Ele não acompanha a turma da mesma forma. Tem algumas limitações. Almocei sozinha na padaria.
Fizemos o exercício e edição em uma hora. Foi...curioso (adoro essa palavra). Percebi que ele não conseguia gravar e processar informações a longo prazo, mas entendia tudo que eu solicitava.
Depois de tentativas, ajustes, ele tinha sue primeiro vídeo pronto. Até postou no youtube (sugeri claro) e colocou no orkut. Não sei se ele realmente dá valor pra isso, mas achei que ele gostou. Pareceu gostar, desde que eu não forçasse muito seu raciocínio. Tadinho. Querido. Foi um desafio e percebi que quando estou só com ele, tenho toda paciência e tolerância do mundo. Não me importo em repetir, explicar de outra forma, brincar. Sem a pressão e estresse, sou extremamente calma. Adoro ensinar.
No resto da tarde acabei orientando outros alunos em vídeos de outras disciplinas.
As duas ilha de edição que montei estavam sendo muito bem aproveitadas. Chequei a lista e já haviam mais de 5 visitas na primeira semana de aula com as máquinas (uma minha e uma velha da escola). Adorei.
Acho que fui pra casa.
Na quinta, 8h (afinal não queria me atrasar na aula com minha orientadora), cumprimentei os colegas da linha ECO 2010. Finalmente algum contato. Comentei da reunião discente, da necessidade de um representante, nos apresentamos em aula, fizemos lista de e-mail, me ofereci para criar um grupo de e-mail ou blog. E 9h, fomos assistir uma defesa de mestrado. (aquela que já falei umas duas vezes da investigação de alunos na Lagoa do Peri).
Saí no intervalo da defesa. 11h acho. Almoço cancelado.
Fui xerocar todos os textos para semana seguinte. (essa em que escrevo).
Gastos. Comecei a anotar esses gastos.
Devo ter ido pra casa.
O finde foi de descanso e namoro. Filmes, conversar, baralho, xadrez, shopping. Aniversário da sogra querida (minha segunda mãe....incomum né?!) Lembrei...escaniei as fotos que estão comigo (para fazer um clipe pro meu casamento em 2011) e montei um clipe de 70 anos. Na sexta não fui na aula de inglês e teve o aniversário. Pizzaria. Especial.
Não havia lido nada ainda. Mas segunda de noite, dia 23, comecei a ler.
Fim da primeira semana. Ufa! (acho que não ficou tão extenso, ficou? tudo é muito relativo!)

Barthes: eu prefiro não! (não mesmo)

Ah! O Barthes. Roland Barthes!
Que prazer encontrá-lo no mestrado.
Tanta companhia me fez na graduação em cinema. Tanto me confundiu e acrescentou.
Tanto....me fez pensar diferente, me fez entender o mundo de outra forma. O cinema....
Pois é...faço três disciplinas no Mestrado. Comecei agora. Dia 16 de agosto (na verdade 17 porque não tenho aula segunda).
Na terça-feira de manhã acordo 6:00 pra dar aula 7:30. Aula de cinema. Em escola. Particular.
Adoro.
Acordar cedo é chato, mas quando estou lá, o tempo voa. Mal respiro, paro, como penso.
É necessária muita energia para lecionar. Muita paciência, tolerância, equilíbrio. Quando sou incomodada, faz falta. Perco o controle às vezes dando uns gritos. Normal né? é?
Então...as três disciplinas são: estudos sobre Roland Barthes voltados para Educação, na terça-feira de tarde 14h, dada pelo Profº Wladimir (engraçado é o jeito que ele fala sobre Barthes...só movendo os lábios, sem quase nenhum gesto - tão curioso e tão sereno). A segunda disciplina, quarta 8h, é Teorias da Educação da Profª Lúcia (uma loira intrigante. Bonita, organizada, metódica (como eu) e articulada na fala...com certo encantamento e deslubramento infantil ao falar animada do assunto que domina. Esse jeito de falar me intriga. Tão perfeitinho, desrotulando qualquer rótulo. Parece personagem de filme como a princesa de "Encantada", com fala rebuscada, deslumbrada, animada, leve).
E por último, não menos interessante, a obrigatória Seminário da Linha ECO - Educação e comunicação. Minha orientadora é quem dá esta disciplina. Mônica Fantin.
Ah! Mônica...que conheço desde a defesa do TCC no Cinema. Convidei pra Banca, mandei e-mails.
Como eu queria ganhar seu coração, atenção, concentração. Queria mesmo. Será um exercício.
Mas enfim...vou falar do Barthes. Conhecido dos tempos da graduação.
"A morte do autor" foi o texto mais esclarecedor que já vi. Tudo que leio posterior que proponha ideia semelhante, me remete a ele. Sempre. Tipo ontem nos textos da ECO.
A obra não pertence mais ao autor, mas sim ao leitor, que detém o poder de dar o sentido que quiser diante do seu vasto e único repertório.
Se o próprio Barthes sugere isso, é curioso discutir na aula seu texto e ouvir do professor frases como "ele quis dizer". Não me contive. Questionei-o. Como assim o Barthes quis dizer? Ele ou você quis dizer?
Coloquei-o numa saia justa. Ele corrigiu "é verdade....eu quis dizer".
Curioso. Talvez não tão relevante, afinal precisamos discutir os textos na aula, chegar a um...
(pausa)
(pausa para comer a lasanha que passou do ponto mas estava deliciosa)
Retornado a escrita.
Estava falando de Barthes.
Completamente familiar aos olhos e ouvidos. Seus textos são difíceis de ler.
Morte do autor está mais que compreendido. (está?)
Transportando para o cinema, o autor que morre, e o leitor que surge, reside na experiência, por exemplo, de enxergar em "Batman - O cavaleiro das trevas" de Christopher Nolan, alguns conceitos de consciência e inconsciência de Carl Jung. (textos que li na disciplina de psicanálise no cinema). Experimentar escrever e entregar-se às impressões do texto, vistas por mim, no filme.
Isso é exercitar o que Barthes propõe.
Não é simplesmente enxergar qualquer coisa (claro), mas enxergar no outro, seu repertório de conhecimento e experiência, único e pessoal.
Eu, Alessandra, Ally, enxerguei no filme de Nolan, os conceitos de Jung. A impressão foi tão forte que escrevi um texto, tecendo essa relação.
Ninguém disse, ninguém sugeriu, partiu da minha experiência pessoal de espectadora, unida a prática de leitura comum na academia. (academia como lugar de estudo - universidade).
Somente aquele que lê, que exercita o pensamento, que acrescenta seu repértorio, é capaz de articular as relações. Quem não leu Jung não poderia fazê-lo, mas poderia ter estabelecido relação com outros textos, autores, obras, filmes, músicas e afins.
Se eu não entendi "A morte do autor" com este exercício, não sei o que mais poderia ter que entender.
Barthes me possibilitou isso, entender que esse processo de escrita, de criação, parte de um lugar único, o lugar do leitor. Leitor do mundo, não só dos livros. E acho que na pesquisa acadêmica, essa é a importância de estudar Barthes. Estudá-lo para não esquecer que na pesquisa não é apenas citar, mas saber relacionar ou se propor a relacionar tudo aquilo que faz parte do repertório pessoal. Relacionar um texto ou autor ao outro para se argumentar uma ideia, uma hipótese.
Não necessariamente de forma convencional. Talvez possa ser a partir da experiência própria como pesquisador, como propõe Magda no texto que comentei no post anterior. É possível tecer um texto convencional como não-convencional.
Na verdade, acho que tudo é possível. Mas antes de descobrir, é necessário tentar, experimentar.
....
(minha explosão de reflexão poderia ser acompanhada da 9ª sinfonia de Beetovhen, da qual tive o prazer de conhecer assistindo ao filme "O segredo de Beethoven", em algum Sessão de Gala na globo, de madrugada claro).

Introdução

Olá leitores! (ausentes e/ou presentes)
São quase duas da manhã, minha tosse diminuiu um pouco, e contrariando o conselho do meu noivo de ir dormir cedo e repousar, estou aqui postando neste novo blog, (alucinada), meus primeiros pensamentos sobre a recente experiência de fazer mestrado em educação na UFSC.
Este é o meu 4º blog (ecoexperiencia; cineducacao; cinemafins; cinemaniaca) e minha intenção é usá-lo como uma ferramenta de escrita, aonde eu possa deixar fluir meus pensamentos, impressões e experiências de tudo que está acontecendo na minha vida acadêmica (nova vida), profissional e pessoal. (tudojuntoemisturado).
Da onde veio essa ideia maluca?
Após fazer a leitura dos 4 textos da disciplina obrigatória de Seminário de Dissertação da linha de pesquisa ECO - Educação e comunicação, levantei da cama e decidi que precisava escrever.
Já passei o dia anterior escrevendo nos meus outros 3 blogs e na minha coluna semanal de cinema. Nestes casos, escrevo sobre cinema, sobre o que achei de determinados filmes, sobre filmes que quero assistir, sobre notícias de cinema, também pesquiso e publico notícias de cinema que considero interessantes, pesquiso e publico sobre cinema e educação, escrevo também...enfim...é uma contstante energia que pulsa dentro de mim em querer escrever e falar de tudo relacionado a cinema, das mais diversas formas.
Essa compulsão de escrever nesta madrugada partiu dos 4 textos que li. Mais quais 4 textos?
O primeiro texto era "Metodologia do Trabalho Científico" do Antônio Joaquim Severino.
Enrolei pra começar a ler, e quando comecei, em silêncio ri de mim mesma, porque percebi que não tinha a menor ideia até então do que realmente era metodologia de pesquisa, pesquisa quantitativa e qualitativa. Obviamente era apenas um trecho do livro, mais precisamente a parte "teoria e prática científica". Algumas coisas da minha proposta de pesquisa ficaram mais claras, mas não tive muita certeza se entendi tudo que deveria entender, afinal eram muitos conceitos novos de uma vez só. Pensei comigo "acho que tenho que pesquisar mais sobre estes conceitos! tenho?!"
Ainda meio insegura, interrompi a leitura para ver com meu noivo o filme "Filadélfia" (não irei pesquisar agora o diretor e ano como sempre faço). Fiquei surpresa com o filme, gostei bastante, mas comento no blog apropriado. Pensei se continuaria a ler os textos depois, questionei-me o que deve ter sido discutido em aula já que faltei por estar indisposta. Nos despedimos (foi uma visitinha de meio de semana porque não tenho cama de casal e às vezes é mto desconfortável para nós dois dormirmos). Depois das beijocas, voltei pro quarto e liguei o computador.
Como passei o dia todo em casa, escrevendo no blog, lendo e-mails, tratando e postando fotos no orkut, de noite retornei ao orkut para namorar minhas fotos. De vez em quando (bem de vez em quando mesmo) fico namorando meus albuns no orkut, que de certa forma são recortes da minha vida, no passado, no presente, projetando o futuro, e me questionei se era um sentimento sincero ou contraditório. Se o que eu sentia vendo as fotos eram real ou estava apenas fantasiando. Tipo...aquele dia com as amigas foi realmente divertido ou olhando as fotos parece divertido? Me assegurei de que havia me divertido bastante. Mas de repente, refleti sobre isso. E se hoje, ao tirarmos fotos, estamos entregando nossas emoções a elas ao invés de realmente vivenciá-las?
Digo isso porque já me deparei com diversas situações em que algumas pessoas ficam tirando fotos a noite toda, seja num aniversário, numa balada, tarde preguiçosa de nega-maluca. Será que elas realmente se divertem ou se preocupam em tirar fotos onde pareçam estar se divertindo?
(pausa)...
Sinto que estou fugindo do meu assunto principal. Fica a reflexão para quem ler.
Li o primeiro texto. Ufa. Não foi tão difícil como os textos da aula sobre Barthes. (Roland Barthes para leigos).
Parti para o segundo. Detalhe: eu leio e grifo tudo que acho interessante. E quando tenho lápis a mão, rasuro, mas eu não tinha na hora e não quis pegar. Pensei: depois eu anoto!
O segundo texto era "Fundamentos teóricos" do livro "Investigação qualitativa em educação" do...(pausa para olhar) Bogdan e Biklen...algo assim...menos...técnico...um pouco mais acessível, digamos assim...e falava sobre a abordagem fenomenológica. hãmmm.
o que mais gravei do texto foi a comparação do conceito com a situação de trânsito.
Resumindo, numa batida, o policial precisa analisar os pontos de vistas. Associando aos textos de Barthes e Teoria de relatividade do Einstein, "tudo é relativo".
Sem muita certeza e segurança, achei que o assunto ficou um pouco mais claro pra mim.
Mas ainda me sinto...boiando no geral. São conceitos novos soltos, perdidos num universo de informações e conhecimento que construí ao longo da minha (pequena e recente) vida acadêmica.
Não li todos os textos da graduação que deveria ter lido, mas xeroquei todos. Às vezes acho que nem sempre estamos prontos para ler determinadas coisas. Às vezes vale a pena esperar.
Enfim, como segundo texto, entendi um pouco melhor sobre a pesquisa na área da educação, que tende a usar a análise quantitativa e qualitativa (se entendi bem né?! droga não fui na aula. poderia ter "trocado" dúvidas e estar me sentindo mais segura neste momento - faz parte!)
Terminado o segundo, refleti se deveria partir para os outros dois da disciplina. Não estava cansada. As madrugadas são extremamente inspiradoras e silenciosas. Parti para o terceiro texto. (pausa para checar)
"Metodologias não-convencionais em teses acadêmicas" da Magda Soares e Ivani Fazenda do livro "Novos enfoques da pesquisa educacional" de Ivani Fazendo (organizadora).
Li e senti-me extremamente segura da minha proposta "ousada". Ela aconselha, ou melhor, convida nós pesquisadores a falar da própria experiência. E é isto que quero fazer . Quero falar da minha experiência de lecionar cinema para Ensino Fundamental e Médio. E da minha experiência em ter contato com outras experiências de ensino. O que penso sobre elas. O que sinto que me diferencio delas e o que pode ser muito bem aproveitado. Uma verdadeira troca. Esta prática que tanto me ensinou e que tanto acho que pode ensinar ou acrescentar para alguém. Este texto me deu mais segurança, coisa que tenho sentido a cada dia no mestrado. Segurança. Encontro nos textos, nas discussões, nas trocas, no dia-dia escolar.
Sem nem imaginar, percebi que era uma pesquisadora "não-convencional". Fiquei contente. E bom seria se minha parceria com minha orientadora fosse mais freqüente. Sinto frustração muitas vezes em não ter com quem conversar. Minha cabeça pipoca ideias, reflexões. Penso o tempo todo em tudo que experimento e vivencio. Mas sinto-me isolada dos colegas e quando tenho oportunidade, falo bastante e depois sinto medo de ninguém querer mais falar comigo. De ser tagarela demais.
Quando chego na UFSC, tento enrolar no pátio e na sala, parecem todos conhecidos uns dos outros e nem imagino como me aproximar. Acabo ficando isolada. Mas como disse, tendo oportunidade, os papos são extremamente produtivos. Às vezes falo mais do que escuto, mas em geral, são papos-cabeça. (o tipo de papo que com a pessoa errada, sou rotulada de chata e inconveniente)
Mas frustrações pessoais a parte, quero falar agora do quarto e último texto solicitado para o primeiro encontro da disciplina, ou melhor, segundo (que teria sido hoje mas eu não fui) já que o primeiro foi uma breve apresentação, interrompida para uma assistirmos uma defesa de mestrado. (bem interessante por sinal. falando brevemente: Era sobre uma pesquisadora que criou uma proposta de educação ambiental através da fantasia e criação de uma personagem, convidando alunos de uma escola pública de Fpolis-SC a investigar sobre a Lagoa do Peri. Cada aluno recebeu pedacinhos de uma carta em casa, que depois levado para escola, os pedacinhos juntos formavam uma carta, convidando-os a desvendar mistérios. Todo o passeio foi registrado em fotos e vídeos, por eles e a mestranda apresentou o material na defesa. Achei bem interessante e criativo. Enviar cartinhas, criar personagem. Explorar a fantasia e imaginação infantil. Achei ainda mais interessante os questionamentos do primeiro professor da banca. Mas como já me prolonguei demais sobre o assunto, encerro aqui. Não ouvi os outros professores, porque depois do intervalo resolvi me retirar para resolver outros assuntos).
Voltando a leitura. O quarto texto era "A escrita antes do texto: de cozinhas, teares e ateliês" do livro "A trama do conhecimento: teoria, método e escrita em ciência e pesquisa". A autora do texto é Gilka Girardello, professora do CED da UFSC. Achei bem legal.
O texto é extremamente inspirador.
Assim como falava Magda no texto anterior, foi uma leitura "Não-convencional", corrente, cativante. E o melhor: muitos exemplos práticos. Sinto que exemplos práticos (claros e coerentes) facilitam bastante a compreensão do texto.
Assim como Magda, ela escreve em primeira pessoa e fala da experiência de escrever, que deve ser praticada, sempre, a todo momento. E que às vezes o rascunho, torna-se parte do produto final da pesquisa.
Então, lido isso, pipocou-me a ideia do blog. Pensei "Preciso escrever sobre tudo que se passa na minha cabeça durante a experiência do mestrado. Simplesmente preciso. E como eu disse no começo, levantei-me da cama, contrariando os bons conselhos do meu noivo de repousar e aqui estou eu, após quase 1 hora escrevendo este primeiro texto web.
E há tanto mais pra falar, quero escrever sobre a primeira semana de aula, sobre as palestras que fui nestas duas semanas e sobre tudo que tenho pensado. Então por isso, encerro este primeiro post aqui e deixo todo o resto para o durante.
A partir de hoje, escreverei sobre esta nova experiência de "mestrar" (cursar o Mestrado).
Experiência que começou em maio na inscrição, nas 3 etapas de projeto, prova e entrevista, e oficialmente nesta segunda semana de aula, que começou no dia 16 de agosto. (na verdade 17, porque eu não tinha aula segunda). hehe
Recém-formada em Cinema na UFSC em março, coisa considerada recente, sinto muito mais vontade de escrever do que ler. Mas assim como fala Gilka, escrever deve ser uma prática constante, ler também deverá ser. Às vezes bate a preguiça de começar, mas depois, quando bem entendido, não se consegue mais parar.
A sede de aprendizado é grande e é com esta motivação e vontade que inicio este novo blog.
Um brinde! Um brinde ao diário prazer de escrever e a esta "eco-experiência". Eco pela linha de pesquisa mesmo! hehehe =)